segunda-feira, 9 de novembro de 2009










Manuel Zelaya, filho primogênito de um poderoso fazendeiro, estudou no colégio Jesus Menino de Praga e Luis Landa e no Instituto Salesiano de São Miguel, estudou engenharia industrial na Universidade Nacional de Honduras (UNAH), mas abandou o curso no quarto ano para se dedicar aos negócios herdados de seu pai, dentre os quais se destacam a extração de madeira e a pecuária. A despeito de sua família ser originária do departamento de Copán, suas terras localizam-se no departamento de Olancho. Atualmente tem dois irmãos vivos, Carlos Armando e Marco Antonio, além de sua mãe, Ortensia Rosales, considerada por muitos o seu melhor cabo eleitoral, e da sua esposa Xiomara Castro de Zelaya.
Iniciou sua vida política em 1970, filiando-se ao Partido Liberal de Honduras do qual tornou-se membro ativo somente uma década depois. Foi então eleito deputado no congresso nacional hondurenho por três mandatos consecutivos, entre 1985 e 1998, também foi ministro do Investimento, responsável pela gestão do Fundo de Investimento Social de Honduras no governo anterior do PNL. Durante o governo de Carlos Roberto Flores, Zelaya introduziu o programa de Condados Abertos visando descentralizar as decisões e dar mais poder às comunidades. Zelaya passou a usar a divisão oficial de municípios e uma outra, alternativa, que categorizava os cidadãos de acordo com suas características étnicas e sócio-econômicas, criando 297 diferentes grupos - sistema que planejava reviver em seu governo.
Então Candidato pelo Partido Liberal de Honduras a presidente da república, Zelaya derrotou por pequena margem o seu oponente Porfirio Pepe Lobo, candidato do Partido Nacional de Honduras nas eleições de 27 de Novembro de 2005. No dia 27 de janeiro de 2006 Zelaya assumiu de fato o cargo de presidente.
Entre as suas promessas de campanha estava a de dobrar o número de policiais, de 9.000 para 18.000 agentes, e um programa de reeducação entre as gangues Mara Salvatrucha, sendo visto como o candidato da reconciliação, ao contrário de seu adversário, Pepe Lobo, que defendia a adoção da pena de morte.
Apesar de eleito por um partido de direita com um programa também de direita, Zelaya promoveu reformas consideradas de esquerda, levando-o a perder o apoio da elite econômica hondurenha. A oposição de setores conservadores ao seu governo recrudescia à medida que Zelaya se aproximava de Hugo Chávez, com a adesão hondurenha à ALBA e, sobretudo por seus ataques verbais aos Estados Unidos e ao setor empresarial. O presidente chegou a perder apoio até mesmo do seu partido.
Após reformas sociais e econômicas, campanhas, discussões políticas, atritos com a mídia e com os EUA, dentre outros feitos estava próximo o fim de seu mandato. Foi então que pouco antes do início das eleições, ainda em 2008, Zelaya decidiu organizar um referendo para aprovar a realização de um plebiscito constitucional em Honduras, que seria realizado juntamente com as eleições de 2009.
O plebiscito tinha como objetivo a criação de uma nova Assembléia Constituinte para que esta modificasse em partes a constituição, criando uma lei que daria o direito de reeleição ao último presidente eleito, lei esta que se aprovada, somente vigoraria no governo pós-Zelaya.
Não havia, portanto a possibilidade da continuidade de Manuel no poder, mesmo este já tendo proferido o não almejo deste cargo pelo menos no ano de 2009. Embora sendo a consulta desautorizada pelo Congresso e pelo Judiciário, Zelaya decidiu realizá-la, ainda que seu valor fosse meramente simbólico. Como os militares se recusaram a distribuir as urnas, o presidente demitiu o chefe do Estado Maior Conjunto, Romero Orlando Vasquez Velásquez. Este não acatou a ordem e teve o apoio dos demais comandantes, assim como do Congresso e do Judiciário.
Afinal, no próprio dia 28, quando seria realizada a consulta popular, Zelaya sofreu o golpe militar, sendo preso por tropas da polícia federal e do exército hondurenho, que o colocaram em um avião, com destino à Costa Rica. O Judiciário hondurenho anunciou que dispunha de provas suficientes para processar Zelaya por 18 delitos, incluindo traição à pátria e descumprimento de 80 leis aprovadas pelo Congresso.
O envolvimento com o Brasil começa quando Zelaya após ser deposto se refugia na embaixada brasileira e quando perguntado o porquê de sua escolha pela embaixada brasileira disse:
“Por causa da democracia brasileira e pela amizade do presidente Lula. O Brasil tem grande aceitação na América Central, Lula é muito querido. O apoio do povo brasileiro é indispensável neste momento trágico que vive Honduras”.
Lula permitiu o abrigo de zelaya. Uma atitude considerada nobre elogiada por Obama, entre outros políticos.
O Brasil e outros quatro países membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) manifestaram preocupação, nesta quarta-feira, com a demora do Congresso hondurenho em discutir a restituição do presidente deposto, Manuel Zelaya. O representante brasileiro na OEA, Ruy Casaes, disse que o governo do Brasil não aceitará o resultado das eleições de 29 de novembro se Zelaya não for restituído ao poder. Pelo acordo Tegucigalpa-San José, firmado na última sexta-feira entre Zelaya e o governo interino de Roberto Micheletti, o Congresso votaria pela restituição ou não do presidente deposto, antes de ouvir a opinião da Suprema Corte sobre o assunto. O acordo estipula ainda que um governo de união nacional deve ser formado até esta quinta-feira. Mas na terça-feira o Congresso hondurenho decidiu não interromper seu recesso e discutir o tema. 'Dar por morto' Na reunião da OEA desta quarta-feira, Equador, Nicarágua e Venezuela criticaram as celebrações ocorridas após o anúncio do acordo da semana passada. EUA, Brasil e outros países chegaram a parabenizar ambas as partes pela resolução da crise.